terça-feira, 3 de julho de 2007

JOVEM: IDENTIDADE E INTEGRAÇÃO

Torna-se difícil explicar o que é a juventude e o que significa ser jovem. Trata-se de algo mais do que um modo de “sentir”, agir e actuar em público nos vários sectores da sociedade. Atrevemo-nos a dizer que os jovens são a marca de referência nos diversos discursos públicos, institucionais, políticos, literários, nos meios de comunicação social, na publicidade, na moda, no consumo, etc., constituindo uma presença e um referencial habitual na actualidade.
A definição de “jovem” leva-nos a pensar numa fase de transição entre a infância e a capacidade de procriar e de inserção na vida activa.
Nesta fase, o jovem vai procurando a sua identidade, com normas comportamentais e atitudes próprias que muitas vezes inquietam os governantes, as famílias e a sociedade em geral, uma vez que os jovens colocam mais perguntas do que respostas. Vivem entre contradições, como as da paz e a intimidação, da solidariedade e da xenofobia, o emprego e a incerteza do desemprego, entre o progresso social e a deterioração das suas condições de vida, a pobreza e a riqueza, a unidade e a diversidade de culturas.
Há jovens que apelam à sociedade para que gere estratégias e políticas inovadoras e eficazes que toquem a sua condição. Esta, procura – com as suas limitações – condições que favoreçam o papel dos jovens em vários sectores da vida social e cultural, como o acesso ao ensino, ao trabalho e a melhoria de vida (saúde, habitação...).
Mas é neste estado de coisas que os jovens se inserem, problemas do presente (sem resposta) bloqueiam as suas vidas e conduzem muitos à indiferença e ao laxismo.
É a esta luz que devem ser interpretados fenómenos como as taxas de insucesso e abandono escolar, a proliferação das toxicodependências e, em alguns meios urbanos, dos comportamentos marginais organizados.
Urge que a juventude seja encarada pelo poder político como um segmento da sociedade em posição privilegiada para o combate por um Cabo Verde mais desenvolvido, com maior riqueza e com melhor distribuição da riqueza.
São reconhecidas algumas limitações, por exemplo, no sistema de ensino, e há que encontrar respostas diversas (e plurais) que forneçam aos jovens uma parte fundamental das aptidões necessárias a uma intervenção plena na sociedade dos nossos dias. Há ainda que encontrar respostas integradoras que constituam para muitos uma nova oportunidade de formação e de aquisição dos valores cívicos fundamentais.
É nossa opinião que um dos instrumentos de utilidade maior na continuidade do que se deseja passa ainda pelo associativismo juvenil. A associação é um espaço de participação activa em que se adquirem os valores da democracia e do trabalho em equipa, e é, simultaneamente, um importante local de educação não formal, em que se reflecte em conjunto e se aprende fazendo.
É notório que o sistema político em vigor em Cabo Verde conseguiu “criar gerações”. Gostaríamos que a nossa juventude estivesse atenta a este processo, ao cimentar um sentido de compromisso, de preocupação com a sua comunidade, com o seu município, com a sua nação.
Torna-se difícil explicar o que é a juventude e o que significa ser jovem. Trata-se de algo mais do que um modo de “sentir”, agir e actuar em público nos vários sectores da sociedade. Atrevemo-nos a dizer que os jovens são a marca de referência nos diversos discursos públicos, institucionais, políticos, literários, nos meios de comunicação social, na publicidade, na moda, no consumo, etc., constituindo uma presença e um referencial habitual na actualidade.
A definição de “jovem” leva-nos a pensar numa fase de transição entre a infância e a capacidade de procriar e de inserção na vida activa.
Nesta fase, o jovem vai procurando a sua identidade, com normas comportamentais e atitudes próprias que muitas vezes inquietam os governantes, as famílias e a sociedade em geral, uma vez que os jovens colocam mais perguntas do que respostas. Vivem entre contradições, como as da paz e a intimidação, da solidariedade e da xenofobia, o emprego e a incerteza do desemprego, entre o progresso social e a deterioração das suas condições de vida, a pobreza e a riqueza, a unidade e a diversidade de culturas.
Há jovens que apelam à sociedade para que gere estratégias e políticas inovadoras e eficazes que toquem a sua condição. Esta, procura – com as suas limitações – condições que favoreçam o papel dos jovens em vários sectores da vida social e cultural, como o acesso ao ensino, ao trabalho e a melhoria de vida (saúde, habitação...).
Mas é neste estado de coisas que os jovens se inserem, problemas do presente (sem resposta) bloqueiam as suas vidas e conduzem muitos à indiferença e ao laxismo.
É a esta luz que devem ser interpretados fenómenos como as taxas de insucesso e abandono escolar, a proliferação das toxicodependências e, em alguns meios urbanos, dos comportamentos marginais organizados.
Urge que a juventude seja encarada pelo poder político como um segmento da sociedade em posição privilegiada para o combate por um Cabo Verde mais desenvolvido, com maior riqueza e com melhor distribuição da riqueza.
São reconhecidas algumas limitações, por exemplo, no sistema de ensino, e há que encontrar respostas diversas (e plurais) que forneçam aos jovens uma parte fundamental das aptidões necessárias a uma intervenção plena na sociedade dos nossos dias. Há ainda que encontrar respostas integradoras que constituam para muitos uma nova oportunidade de formação e de aquisição dos valores cívicos fundamentais.
É nossa opinião que um dos instrumentos de utilidade maior na continuidade do que se deseja passa ainda pelo associativismo juvenil. A associação é um espaço de participação activa em que se adquirem os valores da democracia e do trabalho em equipa, e é, simultaneamente, um importante local de educação não formal, em que se reflecte em conjunto e se aprende fazendo.
É notório que o sistema político em vigor em Cabo Verde conseguiu “criar gerações”. Gostaríamos que a nossa juventude estivesse atenta a este processo, ao cimentar um sentido de compromisso, de preocupação com a sua comunidade, com o seu município, com a sua nação.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Férias sem Luz

( Para quem interesse este artigo, serve de prevenção para situações que podem ser evitadas a tempo. Vamos todos pensar que melhorias serão tomadas em relação à nossa LUZ; mas como diz o ditado: "mais vale prevenir do que remediar"...!)

Deparo-me com o meu 1º Verão (2006) com cortes de luz sucessivos e paro para pensar no que fará a juventude em férias.De certo que o mar é o “escape”.

Acredito que seja aprazível “reunir a malta” e rumar para “Quebra Canela”, disfrutar do sol de todos os dias para conseguir o bronze mais bonito e entrar no mar, com ondas de preferência e lavar a alma. Ainda se põe em dia a conversa sobre as diferenças com os pais, as chatices dos irmãos, sobre a música que está na “berra”, a escola e os cursos que se quer fazer. Falam sobre os países onde querem estudar. Parece-me que a maioria ainda prefere o Brasil, para ficar. Falam da moda, de festas, das férias que irão gozar...e claro aproveita-se para namoricar ao “soleil”. Melhor dizendo, já não se namora, o que está a dar é “curtição”. Mas, por outro lado fora do tempo de banho o que farão?

Quando há luz vão-se entretendo com a leitura, com a Internet e com os amigos. Quando não há luz, uns mais aplicados lêem à luz da vela já que os olhos sempre ajudam. Outros preferem apagar a vela e dormir até que se faça luz do dia ou eléctrica.

Dá que pensar, esta situação de corte de energia perante uma juventude irriquieta à espera das suas merecidas férias. Se por um lado é castrador, e lamentável por isso mesmo, as possibilidades de um Verão melhor que o anterior, também acredito que incute no espírito do jovem, mais disciplina, um maior sentido de cumprimento, derivado a horários que tendem a estabelecer-se, uma atitude mais responsável para com o que consome e tanto ele como a sociedade só têm a ganhar em matéria de qualidade. A nossa realidade me vem mostrando que há outra juventude que, não estudando, procura um emprego, e quando este não aparece, os desvios ao padrão social são mais frequentes. Sem luz, têm um ambiente propício para manifestações desordeiras. Já o era com luz, que dizer nestes tempos “escuros”.

A delinquência juvenil, a toxicodependência e o alcoolismo são com certeza problemas para que a segurança deve estar alerta e pronta para intervir no momento certo. Mas sabemos que em Cabo Verde uma das camadas mais populosas é a jovem, e o controlo da mesma é difícil. È este o nosso “calcanhar de Aquiles”, no que se refere aos jovens, pelo que tem que haver medidas políticas, a começar pelo emprego e o ensino no sentido de enquadrar esta “juventude perdida” que, de “férias” permanentes, semeia ociosidade e cria num meio sem luz, todos os cenários que incentivam distúrbios sociais. Não termino sem reforçar o apoio das associações juvenis para incentivar estes jovens na procura de um futuro “com luz”.

sábado, 23 de junho de 2007

O FENÓMENO DA DROGA EM CABO VERDE

Nunca será uma abordagem linear, nem no passado nem no presente, mas, quiçá, no futuro haja um modo de compreender este fenómeno.

Quando estive em Cabo Verde nos fins da década de 80, pouco se falava sobre o assunto no país. Havia está claro, certos grupinhos espalhados que fumavam na altura, “padjinha” (erva). Muitas das vezes esses grupos de jovens eram conotados (bem ou mal) como “rastas”, por usarem tranças grossas, boinas e usarem roupas coloridas como as usadas por BOB MARLEY. Isto está claro na cidade da Praia. Lembro-me de os encontrar sempre na esplanada do “Plateau”” e parecia que nada tinham para fazer. Bebiam as suas cervejas e mais não via.

A “padjinha”, como em todo o sítio é fácil de plantar, embora na nossa terra seja escassa a chuva, é uma erva de bom cultivo. Talvez trouxesse algum comportamento de distanciamento para com os supostos “rastas”, um certo individualismo, mas desde que não causassem problemas, para a maioria das pessoas passava despercebido.

O que será feito destes jovens hoje? E estou a falar de jovens crescidos em Cabo Verde - reporto-me sempre a Cabo Verde -. Mais de 10 anos volvidos, em que é que se transformaram? Deixo esta questão em aberto, por enquanto.

Na mesma altura em que estive em Cabo Verde, no interior de Santiago –Assomada -, para onde ia muitas vezes, verifiquei que a camada social mais elevada era a jovem. E como jovens que eram, gostavam de ficar na praça, rapazes e raparigas, iam ao único cinema que existia, pareciam mais inocentes que os jovens da cidade. Mas num clima mais húmido, a cultura da “padjinha” só podia ser facilitada.

Mas será considerada uma droga o consumo de erva? Então o tabaco que eu fumo, ou o alcóol também são drogas, mas estão à venda em qualquer estabelecimento destinado a estes produtos, e mais, em relação ao tabaco sabemos que prejudica gravemente a saúde, e o alcóol pode servir como um aditivo quando em demasia. E certos medicamentos? Ansiolíticos, hipnóticos, entre outros, não deixam de ser outro tipo de drogas, mesmo quando há assistência e vigilância médica, pelo efeito que causam.

Ao mesmo tempo muitos emigrantes de vários países começavam a construir as suas casas nesta Vila (na época). A partir daí, quem quisesse poderia ver o crescimento urbano galopante que Assomada vivia. Casas que destoavam do ordenamento territorial da Vila, jovens com carros nunca vistos: ferraris, jaguar’s, e a própria indumentária “made in USA”. Terá sido tudo esforço do trabalho árduo na diáspora? Além de divisas não entraria droga, e não me refiro a “padjinha”? Mas como é que chegaria (presume-se que chega) o produto até aos jovens? Fica em aberto esta questão pois muitas podem ser as maneiras de se envolverem com drogas mais duras como a “Cannabis Sativa”, que é de produção nacional[1].

O certo é que continuava tudo na mesma. Quando digo isto falo da ordem, da autoridade, da justiça social. Atacar o mal pela raíz não deveria ser nessa altura? Mesmo antes, na altura da simples “padjinha”. Certo que todos nós tentamos solucionar um problema, quando este está a acontecer. Mas falamos de jovens, numa fase de transição, que querem fazer tudo, querem ter novas experiências. Cada camada social tem as suas características internas que a identificam como pertencendo a um grupo. E o jovem pertence a um grupo de alto risco em termos sociais. O futuro destes jovens não me parece risonho. O problema é que arrastam com eles os mais novos e como se controla esta “bola de neve”? Que pelos vistos até os mais velhos se aliam ao negócio da droga para terem lucro mais fácil.

Não estou com isto a dizer que sejam os jovens os pioneiros, mas são os mais curiosos, os mais aventureiros, os mais audazes. Quem já foi jovem entende o que digo.

O tempo passa, e começa-se a ouvir falar de crimes, de um jovem preso por tráfico de droga, de deportados da América do Norte para Cabo Verde por rebeldia (criminosos), de homicídios absurdos, de assaltos. A violência instala-se e porquê? Não é a droga a única causa disto, mas que é uma delas é. O querer consumir mais e mais leva a desesperos e vale tudo. O tráfico também aumenta, o dinheiro é fácil de ganhar e arrisca-se tudo para tê-lo. Os crimes podem ser realizados muitas vezes sob efeito de consumo de droga para roubar e podem ter resultados trágicos.

É notório o que o Governo está a fazer para “travar” este problema? Talvez consiga levar a cabo alguns problemas relacionados com a droga, mas com o fenómeno da droga? Foi criada em 1996 a Comissão de Coordenação do Combate à Droga, no Ministério da Justiça e Administração Interna, com duas áreas a desenvolver: coordenação das acções de todos os organismos nacionais que prossigam objectivos de luta contra a droga e promover e assegurar a cooperação com entidades estrangeiras na luta contra o uso e o tráfico ilícito de drogas.

E a sociedade civil? A família? Estarão consciencializadas para a par com o Governo apoiar e denunciar?

Num momento em que tanta tinta corre sobre outros problemas como a pedofilia (?). Já tínhamos a prostituição, a gravidez precoce, os meninos da rua...pergunto-me se não está tudo relacionado? Uns problemas por causas intrínsecas, outros por causas extrínsecas?

E o que se tem feito? Criado infra-estruturas para colocar estes elementos como reclusos, para reinserção social, o que parece ser o mais certo, enquanto estão lá.

Volto à questão que deixei em aberto, que comecei a responder quando afirmei que “o futuro destes jovens não me parece risonho”, e porquê? O que irão fazer depois de saírem destas instituições? Irão reinserir-se na sociedade como cidadãos comuns? Gostava que assim fosse. Mas sou pessimista em relação a este assunto. Para mim é uma juventude perdida, que voltará à mesma vida quando saírem para as ruas. Gostaria que alguns destes jovens conseguissem superar o passado, poderá ser possível?

Tem-se, por outro lado, que pensar nos mais novos, ainda isentos destes perigos que espreitam lá fora, criar sim, infra-estruturas para sua ocupação, educação, formação cívica. É difícil este trabalho, porque falamos de crianças, adolescentes e jovens diferenciados destes outros, com quem co-habitam, que assistem ao comportamento deles, enfim numa realidade em que não se pode “separar” o bom do mau, sobretudo quando o mau é também um produto da sociedade, embora a sociedade seja feita pelos indivíduos. É um emaranhado de situações que têm que ser descortinadas.

Mas tentando não nos dispersar, voltemos ao tema da droga. Tem-se levado a cabo projectos de combate à droga, o último deles dá-nos informações actuais e importantes que nos permite compreender melhor o que se passa no mundo da droga em Cabo Verde.

O diagnóstico da situação actual relatado no “I Encontro de Reflexão sobre a Problemática da Droga em Cabo Verde”[2], faz referência para a situação geográfica de Cabo Verde que mantem relações aéreas e marítimas com África, América e Europa, o que implica certo determinismo com a questão da droga.

[1] I ENCONTRO DE REFLEXÃO SOBRE A PROBLEMÁTICA DA DROGA EM CABO VERDE – Ministério da Justiça e Administração Interna – Comissão de Coordenação do Combate à Droga, 26 a 27 de Junho de 2001. Parceiros: MJAI, PNUD, PNUCID, OMS, UNICEF e FNUAP, pág. 3.

[2] Idem, pág. 3.

"A Continuar"

quinta-feira, 14 de junho de 2007

QUE FORMA DE PASSAR A “TOCHA” E “QUERELA” SÓ PARA CONSUMO PRÓPRIO!...

Estou no “meio”da minha vida, sou mulher,...portanto é só utilizar a Estatística (aconselho o SPSS)[1].

Acompanhei – pelo que soube ouvir – os “cotas”, de hoje nas suas experiências tão ricas.

Chega agora o momento dos “tchotas” serem ouvidos, se exprimirem, e observo/sinto:

Resistência;

Conflito de opiniões;

etc. e tal;

... Pois se Vocês, ó Grandes nas Vossas “lutas” se empenharam para que o Hoje seja o que é (o quão eu admiro!), admito que é a vez de deixarem os mais novos continuar esse caminho não esquecendo em que Tempo estão!)...quem sabe de psicologia iria rever a análise transaccional!

Quem são as crianças “ flores da revolução”? (cito)

Teremos que rever do novo Toda a literatura?... De que séculos?

Teremos que ter senso e autocrítica?

Então vamos reflectir todos, pois se é na marginalidade que se constrói, se evolui, não vamos construir os mesmos erros quotidianamente, e a minha opinião modesta (com I no princípio) muito deste senso passará ou não por juntarmos sinergias. Como?
Tenho “apelado”aos mais experientes que escrevem livros da Sua experiência...mas o que falha aqui?... Ainda estou a tentar perceber!

Aos mais novos usemos pedagogia para aprendermos com os mais experientes e continuemos essa “luta”, mas reforço, há que haver dos mais “cotas”, apenas o mesmo = pedagogia![2].

[1] SPSS = SPECIAL PROGRAM FOR SOCIAL SCIENCES (Programa estatístico para Ciências Sociais), e é confortável estar nesta faixa etária “neutra” – só para provocar!
[2] DE REALÇAR QUE A EXCEPÇÃO NÃO IMPLICA A REGRA!

quarta-feira, 13 de junho de 2007

O BAIRRISMO EM CABO VERDE – ILHA DE SANTIAGO VS ILHA DE S.VICENTE: “UMA RESENHA” *

Tendo por objecto de pesquisa, diferenças identitárias de Santiago e São Vicente – ilhas do arquipélago de Cabo Verde –, no processo regional, pretendi aprofundar e analisar os factores associados ao problema da existência de manifestações bairristas neste arquipélago, em particular nestas duas regiões insulares.

Ao longo da história, as manifestações bairristas parecem ter acompanhado os aspectos mais marcantes da formação da sociedade cabo-verdiana. São estes aspectos associados ao problema do bairrismo que procurei estudar bem como determinar as suas especificidades.

Pretendo analisar a situação da Praia (a capital da Ilha de Santiago e o seu interior) e do Mindelo (cidade da Ilha de São Vicente) num quadro mais amplo, em relação às outras ilhas que compõem o arquipélago [tentando articular as mesmas com as que pretendi estudar], na produção da identidade cabo-verdiana, onde esta é marcada, especialmente pela condição da insularidade.

Parece-me que são nestas duas ilhas, mais do que nas outras ilhas, que se materializam manifestações bairristas intergrupais. Mas é de ressalvar que se tem verificado um maior número de informações sobre a história da formação das restantes sete ilhas[1], no seu “modus vivendi”, no seu modo de agir com os seus constrangimentos e com as suas potencialidades.

A cidade da Praia, na ilha de Santiago e capital de Cabo Verde, é um fenómeno de explosão urbana e macrocefalia, reunindo uma grande parte da população cabo-verdiana e assim, uma concentração humana que requer um estudo cuidado.É também uma ilha agrícola favorecida, quando existem quedas pluviométricas, de ribeiras que permitem a produção agrícola no seu interior. Até certa altura, foi uma das únicas ilhas que permitia a fixação de população junto aos locais com maiores potencialidades agrícolas. Eram nessas “ribeiras que se começaram a formar pólos de concentração demográfica”[2] e estrategicamente “ as igrejas vão instalar-se nas ribeiras ou nas suas imediações atraídas por maiores densidades populacionais”[3].

A cidade do Mindelo, em São Vicente, um centro urbano menos favorecido em termos de recursos naturais (praticamente não existe agricultura de produção), mas que até certa altura conseguiu manter uma importância singular, como ponto importante de comunicação internacional pelo seu Porto Grande, mantém, até hoje, uma importância cultural pelo estabelecimento na cidade do primeiro Liceu de Cabo Verde.

Através de um quadro hipotético, tentei compreender em que situações o bairrismo se materializa; verificar se o bairrismo tem efeitos positivos – isto é, se se traduz no incremento do desenvolvimento regional em Cabo Verde, ou se tem efeitos negativos e determinar quais são.

I. O PROBLEMA

O problema que propus trabalhar O Bairrismo em Cabo Verde decorre de uma linha de pesquisa, essencialmente exploratória, iniciada desde o fim do curso de Sociologia, sobre a existência ou não de bairrismo neste arquipélago.

No trabalho procurei, analisar as especificidades que estarão associadas ao problema da existência de bairrismo em Cabo Verde, através de um caminho, mais completo e portanto, mais aprofundado, sabendo que é um trabalho em aberto, como todo o trabalho de construção científica. Pretendi sim, criar um leque de indicadores que demonstrassem o problema, através das fontes de que disponho, quer a nível teórico, quer empírico, e que possam sustentar os factos que tentarei demonstrar.

Escolhi este tema por duas razões principais. Por um lado, procurei estudar o problema do bairrismo em Cabo Verde existente na vivência quotidiana deste arquipélago, por não ter merecido, em termos académicos, qualquer tipo de trabalho de investigação.

A outra razão prende-se com um percurso biográfico construído com base em várias mudanças do contexto social, o que consequentemente é traduzido por um sentimento pouco sólido de pertença a uma pátria, a uma localidade ou a um bairro.

Todavia, na sua maioria, foram as referências cabo-verdianas que mais marcaram este percurso, através das vivências, das relações sociais cabo-verdianas e dos espaços vividos, que me proporcionou, em particular, conhecer relativamente bem a diáspora cabo-verdiana em Portugal, pelo tempo de permanência neste país, e no geral, a realidade de Cabo Verde, sempre atenta ao que se passa naqueles “dez grãozinhos de terra” no “cantar” de Cesária Évora, talvez por um sentimento a que este arquipélago espontaneamente “obriga” a conservar que é reunido de forma muito própria e expressiva na palavra morabeza[4], e, talvez porque permitiu-me um desafio na escolha da própria identidade.

O trabalho, para além de cientifico, tem um significado de carácter simbólico. É o contributo possível à minha terra natal, pois que é com muito orgulho que me sinto cabo-verdiana. Pelo facto, de ser privilegiada ao ter uma formação académica, focalizei, nesse sentido, todos os meus esforços para apoiar e melhorar, [dentro das minhas possibilidades], o futuro de Cabo Verde.

O problema do bairrismo em Cabo Verde, parece-me ambíguo, pois que, se esporadicamente, faz parte de discursos, sobretudo políticos e parece estar mais acesso em alturas de maiores fluxos migratórios, ao mesmo tempo, é “esquecido” ou melhor, “camuflado”, pela maioria da população, talvez por ser um problema delicado, o que leva-nos a crer, tratar-se ainda de um problema “tabú”.

Ao escolher estudar o Bairrismo em Cabo Verde, nomeadamente em Santiago e em São Vicente, tive em conta, uma maior visibilidade na materialização das manifestações bairristas encontradas nestas duas regiões insulares[5].

Portanto, é neste “espaço crioulo” que pretendo estudar estas realidades regionais que “testemunham” o “modus vivendi” de indivíduos, grupos ou organizações, com a sua forma de interagir com os outros, de tal modo que fazem emergir fenómenos como o bairrismo.

Nesta pesquisa tive algumas dificuldades em utilizar o termo ”bairrismo”, pois numa primeira leitura, não me parecia ser este o termo o mais correcto, para a nossa população-alvo – duas ilhas que pertencem a um arquipélago composto por mais oito regiões insulares –. Foi o facto de algumas destas ilhas apresentarem manifestações bairristas, que me levou a optar por enquadrar o termo no trabalho.

É evidente que o termo “bairrismo” estará mais adequado para um caso como “Lisboa – Porto”, que pertencem a um todo espaço nacional muito bem delimitado e circunscrito em regiões, ao contrário do que se passa com Cabo Verde, um arquipélago, que é um espaço geograficamente delimitado, um pedaço de terra cercado de mar por todos os lados e composto por dez ilhas, umas mais próximas, outras mais distantes das restantes[6].

Mais relevante do que a terminologia que utilizei para intitular o problema que trabalhei, será fazer uma ligeira abordagem, sobre a etimologia da palavra “bairrismo”, pois que, senti ao pesquisar o termo, que o mesmo tem ainda, pouca expressão nesta área, e que traz como consequências o seu uso de forma “ilimitada”. Procurei também nesta breve pesquisa as várias terminologias em países onde o nacionalismo teve um impacto muito forte.

Antes de mais, no senso comum, “bairrismo” é, o modo como se relacionam tipos de grupos, traduzido em situações de conflitos, disputas, divergências ou competições, que podem surtir efeitos positivos ou negativos.

“Bairrismo” advém de “bairro”, que é cada uma das partes em que se costuma dividir uma cidade ou vila, para mais precisa orientação e mais fácil controlo administrativo dos serviços públicos[7].

O ”bairrista” é em português a pessoa aferrada à sua terra[8]; aferro ou defensor dos interesses do seu bairro ou da sua terra; diz-se das pessoas que levadas por uma visão estreita do patriotismo, só consideram como sua pátria o estado natal e hostilizam ou menosprezam tudo quanto se refere aos demais.

Em inglês é o “defender of the interests of one’s own parish, district or quartier”/“joinstick” (juntos em altura de guerra); “parochialism/parochial outlook; tendency to uphold one’s own district or quartier”[9].

Em francês é o”l’habitant d’un quartier/défenseur des intérets de son quartier ou de son pays”[10]; “chauvinisme” – amor doentio pela pátria; “querelle de quartiers” – bairrismo na vertente urbana; “querelle de clocher”- bairrismo na vertente rural -, que corresponde em português a campanário – igreja, torre com sinos; freguesia: aos “interesses locais” (aproxima-se a paróquia).

O campanário existe desde a Idade Média e foi retomado no século XIX, sobretudo na Europa que lutava pelo nacionalismo.

Em alemão bairrismo significa, patriotismo local (“lokalpatriotimus)[11].

(também um amor aferrado à pátria).

Em espanhol o mesmo termo significa “localismo” (amor negativo pelo local)[12].

Em italiano, bairrismo significa “campanilo” (que se aproxima do português campanário)[13].

Em suma, dos países que escolhi, onde a luta pelo nacionalismo foi fortemente marcada, o termo etimológico – “bairrismo” – aparece com uma conotação negativa, em geral, o que não é de admirar pela maneira como foi conduzido todo o processo nacionalista.

Por outro lado, a leitura do mesmo termo, sugere igualmente particularismos como a prioridade dada “aos interesses locais”, ministrado pela paróquia/freguesia, que até à data é bastante visível, em pequenas localidades, aldeias (meio rural) e bairros.

É nessa perspectiva que estudei o bairrismo em Cabo Verde, suportado numa região ou numa comunidade, e como tal tem a tendência de rejeitando a diferença do outro, tomar o seu modo de ser, sentir, estar, como o melhor, porque este fenómeno partilha da ideia regional ou comunitária, de que os outros têm em menor quantidade e qualidade.

Quero ainda salientar que importa abordar a questão do “racismo”, para melhor entendimento que bairrismo e racismo não são a mesma coisa, embora, por vezes se possam aproximar e até confundirem-se.

Nesta linha de pensamento e apoiando-me de novo na análise etimológica, “racismo” é definido como “superioridade de certas raças e assenta na alegada superioridade do direito de dominar ou mesmo suprimir as outras”[14].

A palavra “raça” é datada do século XV e vem do latim “ratio”, o que significa, “ordem cronológica”, este sentido lógico, segundo Albert Memmi[15] “ persiste na acepção biológica que se impõe pelo seguinte, a raça é então, compreendida como um conjunto de traços biológicos e psicológicos que liga ascendentes e descendentes numa mesma linhagem”.

Segundo o autor, o “racismo” como doutrina aparece depois, no século XVI com o “esforço sistemático para justificar a agressão e a dominação sobre um grupo apresentado como biologicamente inferior por outro grupo julgado superior”[16].

O significado etimológico da palavra “racismo” é o próprio significado biológico, é “uma teoria de exclusão necessária das raças diferentes, portanto inferiores, porque diferentes da “raça” do racista”[17].

Este autor recomenda que esta palavra, não seja utilizada quando se trata de outras circunstâncias diferentes de “raça”.

Sustentada por esta breve resenha etimológica sobre o termo “bairrismo” e “racismo”, e partilhando da mesma preocupação de Albert Memmi, tentarei ao longo do trabalho, deixar esta questão o mais evidente possível, mas tendo em conta, que poderão existir situações pontuais, em que estes dois termos (“bairrismo”/”racismo”) se aproximem, emergentes da própria História de Cabo Verde.

Num primeiro ponto, procurei fundamentar conceitos que melhor suportam o tema. Assim, o conceito teórico de identidade, é prioritário, pois suportará o enquadramento sociológico e psico-social do processo da formação da identidade nacional cabo-verdiana, particularmente de Santiago e de São Vicente, esperando obter, deste modo, fontes de diferenciação entre estas duas regiões, que pretendemos igualmente demonstrar empiricamente em páginas posteriores, como formas de validação do nosso problema.

Também será pertinente, analisar o conceito da região.

Procurei beneficiar, em breves linhas, a região na sua vertente histórica, por ser um termo relativamente recente no arquipélago de Cabo Verde.

Nas últimas três décadas, a noção e o fenómeno de região e de regionalismo solicitaram uma exaustiva fonte de pesquisa e teoria. Segundo Perry Anderson[18] “se quisermos desenvolver o termo, o ponto principal e necessário parece passar por fazer uma reflexão sobre o termo “região” per si”, com a intenção de contribuir para a abordagem de algumas condições possíveis do moderno fenómeno “regional”.

O termo “região” é antigo em todas as línguas europeias, com uma maioria mundial do latim, o que se tornou tipicamente usual no século XIV, chegando depois a ser utilizado em outros idiomas não-latinos.

O seu significado tem dois sentidos, segundo P.Anderson[19] “indica por um lado a demarcação de um território geográfico, e por outro, uma porção ou subdivisão alargada”. A origem menos ambígua do termo “região” – província – em latim, designa um território que é concorrido pela cidade-capital.

A melhor forma de exaltar o provincialismo foi, talvez o último termo utilizado na política literária europeia. A razão é clara, desde o princípio a “região” tinha uma segunda conotação. Províncias existiam não só como uma divisão do reino, como oposição da capital – como periferia rústica/bucólica de um centro urbanístico.

Foi com efeito com o declínio da nação tradicional de “província” que beneficiou a ideia moderna de “região”.

Bourdieu[20] argumenta que o discurso regional é a quinta-essência performativa e que pode ser aceite se não atribuirmos “poderes mágicos” à linguagem mas pensarmos no interesse material que dará, a prazo, sentido às periferias administrativas.

Concordo com a perspectiva deste autor, pois, o ideal do problema do bairrismo cabo-verdiano, seria que ele fosse um caminho, para o desenvolvimento regional no conjunto do arquipélago.

Estou consciente também que somente em certos países da Europa onde os governantes “selaram” a democracia, – mais antigos que Portugal ou Grécia – é já suficientemente sólida a regionalização. Ou seja, apenas em países em que a democracia está bem solidificada, as regionalizações estão, por sua vez, avançadas e bem visíveis.

Para mim, trabalhar a génese histórica da configuração psico-social e demográfica cabo-verdiana representada de forma diferente no objecto de estudo, só faz sentido se no nosso conjunto tivermos em linha de conta a formação da identidade nacional do arquipélago, em particular nas duas regiões que estudo, que materializam a maneira de ser destes grupos actuantes no seio de vários focos identitários regionais, que emergem das características insulares, a que um arquipélago está sujeito e que Cabo Verde não está isento.

Em resumo, esta abordagem abre caminho para estudar as relações sociais nestas duas regiões em contextos diferentes quer histórico, psico-social e demográfico, circunscrevendo nestas relações sociais, as manifestações bairristas, enquadradas pelos conceitos capitalizados e supra-mencionados, que se analisa teoricamente e empiricamente.

A minha intenção foi encontrar esta (s) resposta (s) no decorrer do trabalho.

Não descuro, que, por exclusão de hipóteses, o fenómeno do bairrismo, seja um factor determinante ou condicionante na vida quotidiana da sociedade cabo-verdiana, pretendo, sim, que este trabalho sirva de subsídio para explicar, certos comportamentos intergrupais, certas atitudes do povo cabo-verdiano, [emigrante ou não], no geral, e, em particular, nas duas regiões insulares em estudo, onde é manifesto o bairrismo, especialmente em situações ligadas ao poder político; ou quando há maiores fluxos migratórios ou ainda em situações onde os recursos materiais são escassos como é o caso do nosso arquipélago.

É este o problema geral na elaboração da tese de dissertação (2002), fonte para elaborar um artigo.

* Trata-se realmente de uma "Resenha" da minha Tese de Dissertação de Mestrado, (mais de uma centana de páginas) a publicar.

[1] A Ilha de Santa Luzia é desabitada.
[2] SILVA. António Leão C., “Histórias de um sahel insular”, Spleen Edições, 1996, pág 163.
[3] Idem, pág. 164.
[4] Palavra oriunda do crioulo de tradução difícil, mas que tenta exprimir a hospitalidade do Homem cabo verdeano, [mesmo sendo um povo que sofre muito, sobretudo com as secas e daí sem recursos naturais, muitos deles vivem no limiar da pobreza] – existe um ambiente de simplicidade e tranquilidade, que é fonte de inspiração para muitos artistas.
[5] Não descurando as outras ilhas que formam o conjunto do arquipélago de Cabo Verde, com mais oito ilhas, uma delas desabitada. Este assunto será retomado num ponto mais à frente.
[6] Embora estas características insulares já tenham revelado muito mais aspectos de isolamento, pelo difícil relevo que a distância-tempo e a distância-custo não deixavam de constituir obstáculos para a circulação dos bens e dos homens, nota-se ainda que os recursos não são distribuídos de igual modo entre as ilhas , pelo que as capacidades de certas ilhas ainda são frágeis, ao contrário de outras ilhas. Daí que para nós, como supra-mencionado a solução passaria por abrir caminho em prol do desenvolvimento regiona para as nove ilhas (dez com Santa Luzia, que é desabitada). Tentaremos compreender se é possível esta solução ou não, no decorrer do nosso trabalho, ou se ainda há muito por fazer at
[7] Dicionário Aurélio.
[8] Dicionário Lello Português
[9] Dicionário Português-Inglês
[10] Dicionário Português- Francês
[11] Dicionário Português- Alemão
[12] Dicionário Português- Espanhol
[13] Dicionário Português- Italiano
[14] Dicionário de Língua Portuguesa
[15] MEMMI, Albert, “O Racismo”, Editorial caminho, S.A., lisboa, 1993, pág. 110.
[16] Idem, pág. 110.
[17] Ibidem, pág. 155.
[18] ANDERSON, Perry, “The invention of the region” (1945-1990), European University Institute, Florence, 1994, pág 5
[19] idem, pág.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

FORUM DE REFLEXÃO CONTRA A VIOLÊNCIA JUVENIL

A Primeira Palestra de uma Emigrante com 2 anos em Cabo-Verde

07.06.02

Sr. Ministro do Trabalho e Solidariedade Social, Sua Excelência;
Sr. Secretário de Estado do Ministério da Educação e Ensino Superior, Sua Excelência;
Sra. Directora do Ensino Básico e Secundário;
Sra. Jovem Deputada;
Sra. Presidente do Instituto Cabo-verdiano da Criança e do Adolescente;
Rica Juventude;
Familiares;
Distintos Convidados,

Muito Boa tarde!

Agradeço a oportunidade que me é dada, para tentar animar o tema proposto, e “tentar” fazer uma reflexão partilhada convosco, que sei, estarem “sedentos” por respostas, que esperam levar deste fórum….eu também quero respostas!

As mensagens deixadas pelos conferencistas anteriores, tenho certeza que são contributos para o que procuram.

Da minha mensagem, espero, apenas que, esta rica juventude se concentre no que se está a passar aqui, mas também lá fora. Assim começarei:

Vamos fazer um Exercício… a ARTE de comunicar, que sei será benéfico para todos nós.

Já Aristóteles, falava na Matéria, mas faltava-lhe algo? O quê?

R: A Força – em bruto –! Ora, se com elementos da tabela periódica, conseguimos Força, então não será que a União, a Reunião e a Consequência NOS LEVA A PENSAR QUE ao longo dos períodos vamos evoluindo?

A sociologia, ensinou-me que para chegarmos à evolução, temos que passar por: ACÇÃO-REACÇÃO e SOLUÇÃO.

Juntemos agora estas peças.

Se Tendencialmente evoluíram, o denominador comum até agora é o Movimento, ou Força, ou Energia, certo ou errado?

Não é o mais importante, o certo ou errado, é sim Importante se a Força é positiva ou negativa...mas é com ela que chegamos a soluções...!

Para mim, começa tudo pela letra P.
P de Prática, é com ela, através dela, durante ela, depois dela, no meio dela, que eu apreendi a aprender a dizer o seguinte:

Pierre Bourdieu, um homem ligado às Ciências Sociais, escreveu em símbolo, sobre Identidade para chegar à realidade (para mim a identidade cabo-verdiana é resumidamente, mediatizada por uma música, “o nosso DIAMANTE”.

Cantada por Morgadinho que diz (eu falo melhor em Português!) e a letra é muitas vezes fundamental: “…crioulo é sabe; crioulo é manso; crioulo é bravo…).

Juntemos de novo as peças.

Qual será a pertinência de juntá-las?

R: Falei em Evolução (a minha abordagem).
A Ela uno um modelo francês, ainda em simbologia, e a consequência é que na História (contada por contadores de “estórias” de todos os tempos) temos:

P de Pedra,

1º A Idade da Pedra – COMO SERIAM OS DIREITOS HUMANOS NESSE PERÍODO?

2ª Alguém disse: “ Até com as cabras aprendi a comer Pedras”

3º Alguém cantava: “ É pau, é Pedra, é o fim do caminho...” acrescento que alguém recentemente falecido compôs: “ Quem mostra’m esse caminho longe…”

E na nossa Realidade, quanto tempo tem Cabo Verde?

Tem, o tempo que nos faz nascer, ser crianças, ser JOVENS, ser adultos, ser idosos, e morrer, mas o Mais importante, é que somos.

Quem?

R: Jovens

Onde?

R: Numa sociedade com as Instituições Suficientes, para buscarmos respostas.

O que falta?

R: Persistir; Perguntar; “Passar a Palavra”; Pedir Apoio; entre outros.

A Quem?

P: À família; escolas; comunicação social; ONG’S; e…?
Então vamos reflectir, a quem mais?

P: Ao Estado, quem é o estado?

R: Alguém me disse que o estado das coisas nós é que fazemos, que implementamos, com quê?

R: Com as soluções, atrás faladas, negativas ou positivas, ou seja, com exemplos, bons e maus.

1ª Hipótese: se forem bons, juntemo-nos todos, (não posso deixar de tocar na letra J, de Zeca Afonso, que fez uma de muitas músicas cantada pela voz de um I, que não tem condições, Ildo Lobo, que começa assim “venham mais cinco de uma assentada que eu pago já…mas não me obriguem a ir para a rua gritar!”).

Pois continuando com outra letra M, de Luther King, “não me preocupa o grito dos maus, preocupa-me o silêncio dos bons!”) …

2º Hipótese: se forem maus – os exemplos – nós temos que ter a
Capacidade de não os cometer, esta sim seria a Evolução Positiva.

E de bom exemplo, a bom exemplo, chegamos às Boas Práticas...

A questão que me preocupa e...a vocês, é que queremos todos saber que juventude temos? Ou que juventudes querem...ou a que são?

Eu dou-vos esta resposta para pôr, por ora, uma Pedra no tema.

Esta nossa sociedade é cada vez mais imediata, não falo de mediatização, não falo de multimédia, não falo de medicina…

Falo sim, de “Juventude em Marcha”, digo com isto, teatro, estudo, diálogo, empatia, nada de tolerância – não gosto da palavra, não se tolera – mas sim: tem-se um tempo para ouvir o outro!
Fala-se em Saúde, sem saúde não há Educação, e vice-versa, e como fazer esta saúde?

R: Caminhando, marchando, e se os maus exemplos são simbolizados, as desordens, as incivilidades, são realidades em toda a parte do mundo…o porquê?

Estou a tentar perceber se a resposta não tem a haver com o que eu disse até aqui, se não terá a haver com a EVOLUÇÃO. O que me dizem?

R: Vamos ser capazes de denunciar, ter confiança na nossa segurança (observem o que se está a passar nas escolas, A ESCOLA quer-se SEGURA!).

Então Rica Juventude, caminhem, com calções pretos até depois dos joelhos, largos, MAS VAMOS FAZER A DIFERENÇA PARA SERMOS TODOS IGUAIS, em vez de “t-shirts” pretas com mensagens cadavéricas, que tal as que acalmam?

P/R: Cor há tantas ou... são só sete?

Dou-vos um exemplo uma cor que acalma, o rosa...e mais vamos usar o que temos de melhor na nossa juventude, a nossa responsabilidade em saber criar, para a nossa tranquilidade, para a vossa Cultura da Paz...,

Uma Proposta: que tal mensagens nas “t-shirts” enquanto caminham, marcham, passeiam, como...:

R:...a que vou mostrar: Esta alguém me ofereceu….fica para pensarem!

Mas eu tenho outra resposta para vocês.
Vão aos chineses (aproveitem!), e têm “valiedades balatas” de “t-shirts”!

Falta falar no estado das coisas!...Nós o somos, e vão observando, Rica Juventude que:

“O Pé caminha na Pedra da Calçada e essa calçada já foi “achada” onde se andava descalço”.

Como a Juventude gosta de Música, vou tentar cantarolar duas músicas que para mim são intemporais...

Em que língua? Há tantas, é escolher, é como “MOIA-MOIA”:

Mas como regra deverá para vocês, Rica Juventude, ser a “arma” da vossa vida, não se esqueçam da vossa infância, adolescência, respeitem os mais experientes, e vamos todos tentar cantar:

“WE DON’T NEED NO EDUCATION…WE DON’T NEED NO “FOLL’S” CONTROLS…HEI! TEATCHER LIVE THE KEEDS ALONE, ALL THE ALL IT’S JUST’ a ANOTHER BREAK IN THE HALL”, reunido com: “WE ARE THE WORLD, WE ARE THE CHILDREN, AND “we are THE YOUTH” , SO…LET’S STAR GIVEN…”!

Esta reflexão é, e vou ter que ser egoísta orgulhosamente, para, quem foi baleada para defender outro colega – e como ALGUÉM diz: [outro P, o 1º] – vou atrever-me a plagiar, Vou Plagiar: “se eu pudesse”: “ Eu cobria de ouro” a rapariga de 17 anos, de origem do Fogo, que estudava no Liceu do Palma rejo…”.

Mas…como não sei ser egoísta esta é para vocês, Rica Juventude!

Um Ditado : “as Pedras que vos arremassarem...juntem e façam o vosso Castelo”... E consequentemente, terão a Vossa Casa, Lar, Família,...se aprenderem com esta Reflexão e eu com Vocês!

FORÇA, C de CORAGEM (da cor Laranja que tem vitamina C e que para alguns especialistas nessa área é a cor da Juventude!)

O meu Muito Obrigada!

sábado, 2 de junho de 2007

(RE) ENFOQUE SOCIOLÓGICO SOBRE O SISTEMA EDUCATIVO CABO-VERDIANO

Para os Técnicos Superiores, Dirigentes e Altas Instâncias do MEES - Ministério da Educação e Ensino Superior - Palácio do Governo - Várzea, Praia...do Técnico Superior mais recente do GEP - Gabinete de Estudos e Planeamento - MEES

A pesquisa que tem sido feita através de documentos relacionados com o sector educativo, durante algum tempo, sugere uma apreciação de carácter diferente, do que a feita a nível estatístico e/ou de planeamento. É no sistema educativo que focalizamos esta análise por ser ele o suporte com características de continuidade para o aluno, ao longo do que pode ser um percurso de aprendizagem.

É na desordem social que é possível analisar, reflectir, propor melhorias. E essa desordem existe em qualquer parte, com mais ou menos intensidade e em vários sectores da sociedade. Propomos avançar com a educação, nossa área de trabalho.Tomamos a liberdade para falar sobre o sistema educativo cabo-verdiano, por termos dado uma importância maior sobre o mesmo, e que requereu uma insistente leitura da nossa parte, desde o começo das actividades no GEP-MEES.

Para quem vem de fora, e depara-se com um sistema educativo que tenta gerir os problemas, as dificuldades estruturais, tentando que as crianças tenham oportunidade no ensino, como objectivo fundamental com a condicionante do país não ter muitos recursos económicos e mesmo assim, apostando em grande parte na educação, percebe que há muito trabalho para ser feito, para além do que se tem executado.

Pelo que pudemos analisar do sistema educativo iremos abordar este assunto por sub-sistemas.

Para se entender melhor os constrangimentos da educação pré-escolar é preciso saber que as “condições da sociedade cabo-verdiana, conduzem a uma situação de ausência de família, simultaneamente moral e física, por razões de vária ordem: pobreza estrutural, baixo nível de conhecimentos, famílias monoparentais, famílias difíceis (álcool, droga, violência, abuso sexual), qualidade deficiente da comunicação entre a família e os profissionais dos diferentes serviços sociais, alteração profunda das normas familiares tradicionais…”[1].

Neste cenário torna-se complexo pensar numa educação pré-escolar. Segundo o Plano Estratégico da Educação tem-se registado alguns progressos devido às diversas disposições legais tais como o Código de Menores, os dispositivos sobre a educação especial contidos na Lei de Bases do Sistema Educativo, entre outros. De carácter facultativo, o ensino pré-escolar devia ser possível para todas as crianças na idade dos 3 até à idade de entrarem no ensino básico, pois além de permitir um desenvolvimento cognitivo, seria benéfico em termos de socialização, de disciplina, que podem não encontrar em casa, especialmente no caso das famílias acima referidas. Mas na prática, encontramos ainda meninos da rua, crianças que estão sob a guarda de irmãos mais velhos, ou seja estão num ambiente que em nada os favorece.

Aqui levanta-se uma questão. Antes de falar em educação, talvez seja prioritário falar sobre o problema da família em Cabo Verde.

O exemplo cabo-verdiano é, contudo, outro. Da obra “Combates pela História”, de 2004,retiramos “Espantada, a elite política bem pensante chocou-se com o facto de 80% de as crianças cabo-verdianas nascerem fora do casamento. Ou de uma relação estável.” Parece assim, que a convivência familiar não será segundo o mesmo autor “ a guardiã de valores de integração social”. Ao inverso dos discursos mais puristas, a realidade é que em Cabo Verde não podemos falar de um núcleo familiar, pois as ligações entre os ascendentes são frágeis e transitórias.

A protecção da família cabo-verdiana tem que ser uma prioridade da sociedade e do Estado com a adopção de atitudes e políticas, tendo em conta a instabilidade da mulher e sobretudo dos filhos.

Tendo a consciência destes indicadores e actuando de forma moralista da parte do Estado, induzindo valores e com um conhecimento sociológico da estrutura familiar que se pretende mudar, os objectivos e as metas a alcançar pelo Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) para o ensino pré-escolar podem ser positivos.

Em relação ao ensino básico obrigatório de seis anos, é óbvio que o sucesso escolar está intrinsecamente ligado à frequência do ensino pré-escolar. Segundo o PEE, os pontos fracos são vários o que se traduz, quiçá, na baixa participação dos pais nas actividades da escola. Este último ponto fraco prende-se com certeza, com o que se vem dito até agora sobre a situação familiar em Cabo Verde.

Estas fragilidades requerem a adopção de estratégias de natureza qualitativa e que se prendem com: a formação de professores; a pertinência das aprendizagens de base (lecto-escrita e matemática); o sistema de gestão da avaliação por fases; a gestão e avaliação das escolas pólo; o apoio e seguimento pedagógico a nível de concelho; a disponibilidade dos recursos pedagógicos; as parcerias entre a escola e a comunidade; os apoios socioeducativos. Achamos que são passos decisivos para uma melhoria do ensino básico.

Já diz o ditado que “é de pequenino que se torce o pepino”, e a criança, é no seu início de aprendizagem que ganha bases para se formar num homem com instrumentos para o seu futuro. Ora, essa bagagem cultural só é conseguida se a forma de ensino for eficiente. Aprender a aprender, depende muito de quem ensina, daí que apostar na formação profissional de professores é preciso com prioridade no ensino básico. Também necessário, será incluir nas disciplinas de matemática e português, outras formas pedagógicas que estimulem e exercitem o aluno nestas áreas.

Em relação à alfabetização e educação de adultos o relatório sobre a Educação Para Todos (EPT) - 2006 adopta como definição prática aquela dada pela UNESCO (1978): da “alfabetização funcional” – “Uma pessoa é alfabeta do ponto de vista funcional se ela pode se dispensar todas as actividades que requerem a alfabetização para fins de um funcionamento eficaz do seu grupo ou da sua comunidade e também para lhe permitir continuar a utilizar a leitura, a escrita e o cálculo para o seu próprio desenvolvimento e o da comunidade.”

A alfabetização é um direito que procura benefícios específicos, independentemente do facto de ela ser adquirida no decorrer da escolarização ou pela participação de programas de alfabetização para adultos. Parece que os programas destinados aos adultos procuram benefícios superiores àqueles que frequentam a escola. Os “raros” dados indicam que estes programas são também rentáveis como o ensino básico.

Mais, a exigência de competências maiores em alfabetização, vai de encontro com a mundialização económica, o aumento das migrações internas e internacionais, a rapidez das inovações técnicas onde participam as tecnologias de informação e da comunicação, e a evolução versus uma sociedade de conhecimento. Estas transformações generalizadas significam que é preciso concentrar ainda os esforços sobre a redução do analfabetismo, particularmente nos países pobres e no seio dos grupos excluídos do mundo inteiro, o que constitui objectivo do EPT em matéria de alfabetização. Elas significam também que é preciso visar a melhoria permanente das competências em literacia de todos os adultos.

A língua, as práticas de alfabetização e os ambientes alfabetizados mostram a importância que reveste o contexto social alargado ao seio do qual o indivíduo adquire uma alfabetização durável.

Temos também os jovens no ensino secundário.

Torna-se difícil explicar o que é a juventude e o que significa ser jovem. Trata-se de algo mais do que um modo de “sentir”, agir e actuar em público nos vários sectores da sociedade.

A definição de “jovem” leva-nos a pensar numa fase de transição entre a infância e a inserção na vida activa. Nesta fase, o jovem vai procurando a sua identidade, com normas comportamentais e atitudes próprias que muitas vezes inquietam os governantes, as famílias e a sociedade em geral, uma vez que os jovens apresentam mais perguntas do que respostas. Vivem em contradições, entre o progresso social e a deterioração das suas condições de vida, a pobreza e a riqueza, a unidade e a diversidade de culturas. Há jovens que apelam à sociedade para que gere estratégias e políticas inovadoras e eficazes que toquem a sua condição. Esta, procura – com as suas limitações – condições que favoreçam o papel dos jovens em vários sectores da vida social e cultural, como o acesso ao ensino, ao trabalho e à melhoria de vida. Mas é neste estado de coisas que os jovens se inserem, os problemas do presente (sem resposta) bloqueiam as suas vidas e conduzem muitos à indiferença e ao laxismo.

É a esta luz que devem ser interpretados fenómenos como as taxas de insucesso e abandono escolar, a proliferação das toxicodependências e, em alguns meios urbanos, dos comportamentos marginais organizados.

São reconhecidas algumas limitações, como no sistema de ensino, e há que encontrar respostas diversas (e plurais) que forneçam aos jovens uma parte fundamental das aptidões necessárias a uma intervenção plena na sociedade dos nossos dias. Há ainda que encontrar respostas integradoras que constituam para muitos uma nova oportunidade de formação e de aquisição dos valores cívicos fundamentais.

Do ensino superior é de realçar a qualidade de ensino praticado, que por nós não parece ser favorável ao aluno, por ser um ensino “tradicional”, que não beneficia muito o aluno quando este começar a sua vida activa e ter que tomar as suas próprias iniciativas. De resto é de louvar, a oferta e os desafios que existem hoje em dia em matéria deste tipo de ensino...

[1] “PLANO ESTRATÈGICO PARA A EDUCAÇAO”, PRAIA, Fevereiro de 2003 PROMEF/MEVRH; pp.17

quinta-feira, 17 de maio de 2007

A Praia e o seu lixo

Numa altura em que se comemora o 149º aniversário da Cidade da Praia (Santa Maria), com várias apostas em sectores prioritários, invade-me a mente insistentemente com a problemática do lixo e seus adjacentes.

Como é possível num espaço tão pequeno haver lixo a transbordar dos contentores, à volta destes, pelos passeios e mais grave ainda perto de um estabelecimento escolar. Várzea é o exemplo que eu escolho por viver lá e todos os dias deparar-me com este flagelo.

É já do senso comum, que a assistência não pode partir apenas da Câmara. Os habitantes são muitas vezes os responsáveis pelas más condições das ruas. É mais fácil deitar uma casca de banana na rua, do que deitá-la no contentor.

O que é que falta? Civismo? Falta de ética? O que é não temos que os outros têm?

Para mim não é o facto de se construir várias infra-estruturas, termos uma boa governação entre outros feitos conseguidos, que nos define como um país de desenvolvimento médio, se o nosso povo continua a ter um comportamento repreensível.

Até os índices de alfabetização tendem a aumentar… o que é que se poderá fazer mais? Campanhas de sensibilização? Até quando?

Enquanto houver lixo por tudo o que é sítio, cada vez mais as doenças propagam-se, e quem sabe, voltam as epidemias.

Eu explico, de uma perspectiva sociológica, que por termos uma população muito pobre com dificuldades em vários aspectos, não estão receptivos a certas inovações que visam melhorar o saneamento básico. Incutidos de um espírito de sobrevivência não sabem lidar (por hábito também) com outros instrumentos que facilitam a limpeza e a higiene.

Por outro lado, é preocupante perceber um certo vandalismo por parte de certos elementos, aos equipamentos que se colocam ao dispor da população.

Pouca receptividade e vandalismo, deixa-nos a pensar que há muito trabalho de fundo a fazer com a população em geral.

Seria o ideal, se Câmara Municipal, e população pudessem juntos combater a falta de saneamento que percorre muitas localidades da Praia.

domingo, 13 de maio de 2007

VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS

O que é que se tem feito?

Há algum tempo atrás, como assídua do “Jornal da Noite”, vi uma reportagem sobre um certo Liceu onde se vendia “clandestinamente” álcool aos alunos, que com artes e manhas sabiam como camuflar o dito cujo. Trata-se de saber quem são os culpados, ou trata-se de saber o que é se passa? Porque culpados, podem ser as rabidantes que vendem o álcool, culpada pode ser a força de segurança, culpados podem ser os pais dos alunos, culpados podem ser os da direcção do estabelecimento, ou será que os culpados podem ser os próprios alunos? Deitar culpas foi sempre muito fácil, não?

…Antes que me deitem culpas a mim, prefiro reflectir no que tem sucedido ultimamente.

Senão, vejamos, se não é álcool, é assassínio, é porte de armas, (sobretudo brancas) …bom na verdade, não posso generalizar! Mas que são indicadores de desordem social, isso ninguém pode negar! E portanto começa a inquietar!

Em relação ao álcool – e isso passa por simples ilações – porquê que um aluno haveria de beber? È fácil, como supramencionado dizer que a culpa é dos pais. O jovem vê os pais a beber e bebe também; os amigos incentivam-no e ele lá experimenta, para não parecer mal; e por aí vai.

Já tinha feito um artigo o ano passado sobre a estrutura da família em Cabo Verde, e acrescento ao que tinha dito a análise feita pelo antigo PROMEF “condições da sociedade cabo-verdiana, conduzem a uma situação de ausência de família, simultaneamente moral e física, por razões de vária ordem: pobreza estrutural, baixo nível de conhecimentos, famílias monoparentais, famílias difíceis (álcool, droga, violência, abuso sexual), qualidade deficiente da comunicação entre a família e os profissionais dos diferentes serviços sociais, alteração profunda das normas familiares tradicionais…

É a mãe que quase sempre cria os filhos, é uma situação que, pode-se afirmar, faz parte da cultura cabo-verdiana. Muito boa gente não imagina o que há de mulher por aí a ter de fechar filhos em casa para ir rabidar a vida, tentando, sem saber como, acompanhar crianças na escola e manter a casa, no dizer de António Correia e Silva.

Parece-nos que começam a surgir algumas variáveis que pode “determinar” estes acontecimentos. Ausência da figura paterna, parece ser um factor indispensável; a vida que o cabo-verdiano leva “mais ou menos” (para maior fundamentação ler Jornal “A Semana”, sobre o Inquérito QUIBB – INE), e que conduz à justificativa permanente de pobreza, “tudo cosa é pobreza”!...não me parece que seja por esse caminho.

Famílias difíceis sim, existem, e são elas que devem ter um cuidado diferenciado. Como? A protecção da família cabo-verdiana tem que ser uma prioridade da sociedade e do Estado com a adopção de atitudes e políticas, tendo em conta a instabilidade da mulher e sobretudo dos filhos.

Tendo a consciência destes indicadores e actuando de forma moralista da parte do Estado, induzindo valores através de um conhecimento sociológico da estrutura familiar que se pretende mudar, através de um conhecimento psicológico da mesma estrutura e dirigida ao aluno tratando-se de um adolescente…e a “culpa” será de todos nós, que tentamos que haja ordem social.

E viva a Juventude!