quinta-feira, 17 de maio de 2007

A Praia e o seu lixo

Numa altura em que se comemora o 149º aniversário da Cidade da Praia (Santa Maria), com várias apostas em sectores prioritários, invade-me a mente insistentemente com a problemática do lixo e seus adjacentes.

Como é possível num espaço tão pequeno haver lixo a transbordar dos contentores, à volta destes, pelos passeios e mais grave ainda perto de um estabelecimento escolar. Várzea é o exemplo que eu escolho por viver lá e todos os dias deparar-me com este flagelo.

É já do senso comum, que a assistência não pode partir apenas da Câmara. Os habitantes são muitas vezes os responsáveis pelas más condições das ruas. É mais fácil deitar uma casca de banana na rua, do que deitá-la no contentor.

O que é que falta? Civismo? Falta de ética? O que é não temos que os outros têm?

Para mim não é o facto de se construir várias infra-estruturas, termos uma boa governação entre outros feitos conseguidos, que nos define como um país de desenvolvimento médio, se o nosso povo continua a ter um comportamento repreensível.

Até os índices de alfabetização tendem a aumentar… o que é que se poderá fazer mais? Campanhas de sensibilização? Até quando?

Enquanto houver lixo por tudo o que é sítio, cada vez mais as doenças propagam-se, e quem sabe, voltam as epidemias.

Eu explico, de uma perspectiva sociológica, que por termos uma população muito pobre com dificuldades em vários aspectos, não estão receptivos a certas inovações que visam melhorar o saneamento básico. Incutidos de um espírito de sobrevivência não sabem lidar (por hábito também) com outros instrumentos que facilitam a limpeza e a higiene.

Por outro lado, é preocupante perceber um certo vandalismo por parte de certos elementos, aos equipamentos que se colocam ao dispor da população.

Pouca receptividade e vandalismo, deixa-nos a pensar que há muito trabalho de fundo a fazer com a população em geral.

Seria o ideal, se Câmara Municipal, e população pudessem juntos combater a falta de saneamento que percorre muitas localidades da Praia.

domingo, 13 de maio de 2007

VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS

O que é que se tem feito?

Há algum tempo atrás, como assídua do “Jornal da Noite”, vi uma reportagem sobre um certo Liceu onde se vendia “clandestinamente” álcool aos alunos, que com artes e manhas sabiam como camuflar o dito cujo. Trata-se de saber quem são os culpados, ou trata-se de saber o que é se passa? Porque culpados, podem ser as rabidantes que vendem o álcool, culpada pode ser a força de segurança, culpados podem ser os pais dos alunos, culpados podem ser os da direcção do estabelecimento, ou será que os culpados podem ser os próprios alunos? Deitar culpas foi sempre muito fácil, não?

…Antes que me deitem culpas a mim, prefiro reflectir no que tem sucedido ultimamente.

Senão, vejamos, se não é álcool, é assassínio, é porte de armas, (sobretudo brancas) …bom na verdade, não posso generalizar! Mas que são indicadores de desordem social, isso ninguém pode negar! E portanto começa a inquietar!

Em relação ao álcool – e isso passa por simples ilações – porquê que um aluno haveria de beber? È fácil, como supramencionado dizer que a culpa é dos pais. O jovem vê os pais a beber e bebe também; os amigos incentivam-no e ele lá experimenta, para não parecer mal; e por aí vai.

Já tinha feito um artigo o ano passado sobre a estrutura da família em Cabo Verde, e acrescento ao que tinha dito a análise feita pelo antigo PROMEF “condições da sociedade cabo-verdiana, conduzem a uma situação de ausência de família, simultaneamente moral e física, por razões de vária ordem: pobreza estrutural, baixo nível de conhecimentos, famílias monoparentais, famílias difíceis (álcool, droga, violência, abuso sexual), qualidade deficiente da comunicação entre a família e os profissionais dos diferentes serviços sociais, alteração profunda das normas familiares tradicionais…

É a mãe que quase sempre cria os filhos, é uma situação que, pode-se afirmar, faz parte da cultura cabo-verdiana. Muito boa gente não imagina o que há de mulher por aí a ter de fechar filhos em casa para ir rabidar a vida, tentando, sem saber como, acompanhar crianças na escola e manter a casa, no dizer de António Correia e Silva.

Parece-nos que começam a surgir algumas variáveis que pode “determinar” estes acontecimentos. Ausência da figura paterna, parece ser um factor indispensável; a vida que o cabo-verdiano leva “mais ou menos” (para maior fundamentação ler Jornal “A Semana”, sobre o Inquérito QUIBB – INE), e que conduz à justificativa permanente de pobreza, “tudo cosa é pobreza”!...não me parece que seja por esse caminho.

Famílias difíceis sim, existem, e são elas que devem ter um cuidado diferenciado. Como? A protecção da família cabo-verdiana tem que ser uma prioridade da sociedade e do Estado com a adopção de atitudes e políticas, tendo em conta a instabilidade da mulher e sobretudo dos filhos.

Tendo a consciência destes indicadores e actuando de forma moralista da parte do Estado, induzindo valores através de um conhecimento sociológico da estrutura familiar que se pretende mudar, através de um conhecimento psicológico da mesma estrutura e dirigida ao aluno tratando-se de um adolescente…e a “culpa” será de todos nós, que tentamos que haja ordem social.

E viva a Juventude!