domingo, 13 de maio de 2007

VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS

O que é que se tem feito?

Há algum tempo atrás, como assídua do “Jornal da Noite”, vi uma reportagem sobre um certo Liceu onde se vendia “clandestinamente” álcool aos alunos, que com artes e manhas sabiam como camuflar o dito cujo. Trata-se de saber quem são os culpados, ou trata-se de saber o que é se passa? Porque culpados, podem ser as rabidantes que vendem o álcool, culpada pode ser a força de segurança, culpados podem ser os pais dos alunos, culpados podem ser os da direcção do estabelecimento, ou será que os culpados podem ser os próprios alunos? Deitar culpas foi sempre muito fácil, não?

…Antes que me deitem culpas a mim, prefiro reflectir no que tem sucedido ultimamente.

Senão, vejamos, se não é álcool, é assassínio, é porte de armas, (sobretudo brancas) …bom na verdade, não posso generalizar! Mas que são indicadores de desordem social, isso ninguém pode negar! E portanto começa a inquietar!

Em relação ao álcool – e isso passa por simples ilações – porquê que um aluno haveria de beber? È fácil, como supramencionado dizer que a culpa é dos pais. O jovem vê os pais a beber e bebe também; os amigos incentivam-no e ele lá experimenta, para não parecer mal; e por aí vai.

Já tinha feito um artigo o ano passado sobre a estrutura da família em Cabo Verde, e acrescento ao que tinha dito a análise feita pelo antigo PROMEF “condições da sociedade cabo-verdiana, conduzem a uma situação de ausência de família, simultaneamente moral e física, por razões de vária ordem: pobreza estrutural, baixo nível de conhecimentos, famílias monoparentais, famílias difíceis (álcool, droga, violência, abuso sexual), qualidade deficiente da comunicação entre a família e os profissionais dos diferentes serviços sociais, alteração profunda das normas familiares tradicionais…

É a mãe que quase sempre cria os filhos, é uma situação que, pode-se afirmar, faz parte da cultura cabo-verdiana. Muito boa gente não imagina o que há de mulher por aí a ter de fechar filhos em casa para ir rabidar a vida, tentando, sem saber como, acompanhar crianças na escola e manter a casa, no dizer de António Correia e Silva.

Parece-nos que começam a surgir algumas variáveis que pode “determinar” estes acontecimentos. Ausência da figura paterna, parece ser um factor indispensável; a vida que o cabo-verdiano leva “mais ou menos” (para maior fundamentação ler Jornal “A Semana”, sobre o Inquérito QUIBB – INE), e que conduz à justificativa permanente de pobreza, “tudo cosa é pobreza”!...não me parece que seja por esse caminho.

Famílias difíceis sim, existem, e são elas que devem ter um cuidado diferenciado. Como? A protecção da família cabo-verdiana tem que ser uma prioridade da sociedade e do Estado com a adopção de atitudes e políticas, tendo em conta a instabilidade da mulher e sobretudo dos filhos.

Tendo a consciência destes indicadores e actuando de forma moralista da parte do Estado, induzindo valores através de um conhecimento sociológico da estrutura familiar que se pretende mudar, através de um conhecimento psicológico da mesma estrutura e dirigida ao aluno tratando-se de um adolescente…e a “culpa” será de todos nós, que tentamos que haja ordem social.

E viva a Juventude!

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